Naquela época tranquila e divertida da adolescência a gente se considera completamente adulto. Comprar meia dúzia de coisas com a mesada, sair sozinho para alguns lugares e escolher a própria roupa são sinônimos de muita maturidade nesse período. Vez ou outra alguém até questiona, mas nada desestabiliza a estrutura mental e a autoconfiança que criamos nessa faixa etária.
Pena que a gente cresce e esquece como fazer isso. Os anos vão somando na idade e a gente não absorve nada que aumente a nossa média de maturidade. Ficamos sempre em recuperação. Nada é suficiente. A cobrança vira a nossa companheira diária e noturna, o estresse vira o sentimento mais presente e a (má) saúde vira a consequência mais dolorosa. A gente desaprende, essa é a verdade. Desaprende como olhar para a vida, como escutar os conselhos, como caminhar em busca de um sonho e como viver de forma geral. A gente sobrevive. Faz contagem regressiva quando acorda para terminar o dia, na segunda para chegar a sexta, em janeiro para chegar dezembro e assim por diante.
Será que há alguma coisa de adulto nisso?
É uma pena que ao longo da vida se desenvolva uma associação entre ficar adulto, resolver problemas e ter uma poupança razoável no banco. É como se não fosse possível se considerar adulto sem ter intimidade com as outras duas opções. Por isso a gente vive escravo de si mesmo, cobrando um emprego melhor, uma casa melhor, um carro melhor. Buscando problemas. Mas o tal do rótulo escrito “adulto” não vem parar na testa de ninguém, porque isso é uma fantasia que a gente mesmo cria. Adulto mesmo é quem acredita em si mesmo e vai atrás das coisas em que acredita. Quem não prejudica a vida alheia em prol de si mesmo. Quem faz o bem e se desprende de todo hábito negativo.
Não tenho a minha casa, não tenho o meu carro, não viajo todo o ano para o exterior para desfrutar de um salário gordinho. Sequer tenho o trabalho dos meus sonhos – ou próximo dele. Contudo, alguma coisa sussurra dentro de mim todo dia dizendo que ficar adulto não tem relação com as contas que a gente paga ou com a quantidade de problemas que a gente resolve. É uma questão do seu interior e da sua relação com o mundo. Não é uma questão de mostrar aos outros. Mas de sentir, de ser, de querer.
E para você, o que é ser adulto?
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